Livro do Mês

Nossas cabanas

Marielle Macé

Nossas cabanas

Marielle Macé

Depois de “Siderar, considerar: migrantes formas de vida”, em que reivindicava uma atenção e um cuidado vigilantes em relação à imensa precariedade que ronda a vida dos migrantes e refugiados, sempre de algum modo desconsiderados na construção de qualquer projeto de uma vida comum, Marielle Macé retomou, numa perspectiva mais ampla, o esforço de reverberar ideias e estratégias para enfrentar nosso “mundo degradado” e imaginar novas maneiras de vivermos nele, novas possibilidades de constituirmos laços, ou “nós”, mais ou menos estreitos, com os demais viventes. Nós: a palavra fundamental para a autora aparecerá diversas vezes ao longo deste livro, ora como substantivo (os nós, a ligação), ora como pronome pessoal, como ela explica: “‘Nós’ é o resultado de um ‘eu’ que se abriu (que se abriu para aquilo que ele não é), que se dilatou, se colocou fora, se ampliou.”

“Fazer cabanas: imaginar maneiras de viver num mundo degradado. Encontrar onde aportar, em que solo reexperimentado, em que terra repensada, com respeito e compaixão. Mas também em que espaços em luta, discretos ou chamativos, em que territórios proibidos na própria medida em que são reabitados, cultivados, imaginados, implicando mais envolvimento do que desenvolvimento.”

Apresentação Marcelo Jacques de Moraes
Tradução Isadora Bonfim Nuto

SOBRE A AUTORA

Marielle Macé (1973) é pesquisadora do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS) e professora de literatura na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS) e na New York University (NYU). É autora de diversos livros – dentre os quais “Le Temps de l’essai” (Belin, 2006), “Façons de lire, manières d’être” (Gallimard, 2011), “Styles: Une Critique de nos formes de vie” (Gallimard, 2016) e “Une Pluie d’oiseaux” (coleção Biophilia, José Corti, 2022), pelo qual recebeu, em 2023, o grande prêmio de não ficção da Société des Gens de Lettres (SGDL ) – e faz parte do comitê de redação de revistas importantes como “Critique e Po&sie”. No Brasil, publicou em 2018, pela Bazar do Tempo, “Siderar, considerar: migrantes, formas de vida”.