A complexidade e originalidade das ideias, aliada a uma grande diversidade de estilos e formas e a um enorme talento literário, levaram o amigo Jacques Derrida a chamar Hélène Cixous de “olni” – objeto literário não identificado (objet littéraire non identifié). Com ele, Cixous cria a Universidade de Vincennes (Paris 8) e o Centre National des Lettres (1981-1983). Juntos, participam do Parlement International des Écrivains (1994).
Os dois têm livros com textos em comum: “Voiles. Avec Jacques Derrida; et six dessins d’Ernest Pignon-Ernest” (Paris: Galilée, 1998) e “L’événement comme écriture: Cixous et Derrida se lisant” (Paris: Campagne première, 2007). Cixous escreveu sobre o amigo em “Portrait de Jacques Derrida en jeune saint juif” (Paris: Galilée, 2001); e Derrida também publicou um livro sobre ela: “H. C. pour la vie, c’est à dire…” (Paris: Gelilée, 2002).
Com um texto recheado de metáforas muitas vezes intraduzíveis em outras línguas, ou cujas traduções perdem a riqueza e precisam de notas para orientar a leitura (como no livro “O riso da Medusa”), Cixous também criou algumas para definir a amizade e os sentimentos em comum com Derrida. Ambos eram de família judia, nascidos na Argélia e com vida e trajetória acadêmica na França, principalmente. Portanto, compartilhavam da experiência do preconceito, da violência colonial e do deslocamento. Passou a usar a palavra Noblessures para se referir a essa experiência (algo como “Nossas feridas”). Também falava em Malgérie e nostalgéria (o mal da Argélia e a nostalgia da Argélia).