A última filha
Fatima Daas
“Eu me chamo Fatima Daas. Sou a mazoziya, a caçula, a última filha. Aquela para a qual não estamos preparados. Francesa de origem argelina. Muçulmana praticante. Uma suburbana que observa os comportamentos parisienses. Sou uma mentirosa, uma pecadora. Adolescente, sou uma aluna instável. Adulta, sou hiperinadaptada. Escrevo histórias para evitar viver a minha. Fiz quatro anos de terapia. É a minha relação mais longa. O amor era tabu em casa, os sinais de ternura, a sexualidade também. Me vejo como poliamorosa. Quando Nina apareceu na minha vida, eu não sabia mais o que eu precisava nem o que me faltava. Eu me chamo Fatima Daas. Não sei se carrego bem o meu nome.”
Em ritmo cadenciado, ecoando o rap ou o slam, ou ainda as rezas do alcorão, Fatima Daas conta a história de sua personagem misturando experiências pessoais e ficção num livro que desafia as convenções da literatura. Um romance? Um poema em prosa? Um ensaio ficcional?
A linguagem fragmentada costura memórias, questionamentos e confissões, revelando a busca por uma identidade própria, que se debate entre a pressão familiar e da religião, os desejos e a experiência de amor com outras mulheres.
Com A última filha, Fatima Daas estreou no meio literário francês em 2021 com grande sucesso, sendo celebrada como autora revelação.
“Aqui, a escrita procura inventar o impossível: como conciliar tudo, como respirar em meio à vergonha, como dançar em um beco sem saída até abrir uma porta onde antes havia um muro. Aqui, a escrita triunfa mantendo-se discreta, sem tentar fazer muito barulho, numa expressão de inaudita ternura pelos seus; e é através da delicadeza do seu estilo que Fatima Daas abre a sua brecha.” – Virginie Despentes
Fatima Daas nasceu em Saint-Germain-en-Laye, nos arredores de Paris, em 1995, quarta filha de uma família argelina e muçulmana praticante, radicada na França. Cresceu na pequena cidade de Seine-Saint-Denis, subúrbio parisiense, e começou a escrever ainda no colégio. A última filha, seu primeiro romance, foi lançado em 2021 na França. Tendo recebido ótimas críticas e prêmios, já foi traduzido com sucesso em países como Alemanha, Espanha, Inglaterra e Itália.