Livro de Novembro

Eros

o Doce-Amargo

Anne Carson

Eros

o Doce-Amargo

Anne Carson

“Safo foi a primeira a chamar Eros de ‘doce-amargo’. Ninguém que já se apaixonou discorda. O que significa essa palavra?”, se pergunta Anne Carson. A resposta é a investigação que a ensaísta e poeta canadense empreende ao longo desta obra, perscrutando o conceito de “eros” na literatura grega clássica e na filosofia. Assim, Carson nos conduz por fragmentos de Safo, diálogos de Platão, trechos de Homero, poemas de Emily Dickinson, criando um panorama sobre as interpretações do amor e suas ambiguidades.

Anne Carson é uma autora conhecida por esgarçar as linhas que definem os estilos literários, atravessando o teatro, a poesia, o ensaio ficcional e o romance. Eros, o doce-amargo é uma adaptação de sua tese de doutorado e seu primeiro livro de crítica literária, que se tornou um clássico, mesclando ensaio, teoria e poesia.

No prefácio da obra, a autora cita O pião, de Kafka. Para a autora, o prazer de se apaixonar é semelhante à busca do filósofo deste conto, pelo entendimento do que faz o brinquedo se manter estável em meio à vertigem do giro. Mais do que compreender, diz ela, “sentimos prazer no movimento”. Afinal, a palavra eros, em grego, lembra Carson, significa “querer”, “falta”, “desejo pelo que não está lá”.

Tradução Júlia Raiz

Sobre a autora
Anne Carson

Poeta, ensaísta, tradutora e professora canadense, Anne Carson é especialista em literatura grega clássica e helênica. Deu aulas nas Universidade McGill, Michigan e na Princeton. Em 1986, publicou Eros, o doce-amargo, seu primeiro livro de crítica literária. Foi a primeira mulher a ganhar o T.S. Eliot Prize, em 2002, pelo livro The Beauty of the Husband, ainda sem tradução no Brasil. Traduziu poemas de Safo e peças teatrais de Eurípedes e Sófocles. Escreveu livros de poesia e ensaios, entre eles, já publicados no Brasil, Autobiografia do vermelho, Falas curtas e O método Albertine.

“Uma jovem negra, de pele marrom delicadamente realçada por sombras escuras, está elegantemente sentada numa poltrona estofada  em tecido verde, sobre a qual repousa um xale azul. Ela tem uma aparência doce, contrastando com um pescoço altivo e um corpo vigoroso, de musculatura finamente definida. Ela sustenta a pose e ocupa seu lugar num momento da história em que a capacidade de ostentar uma postura digna e reta não era uma situação fácil para as mulheres negras de Paris.”

No quadro pintado em 1800 por Marie Guillemine Benoist, então uma artista parisiense de 38 anos, uma jovem negra exibe uma pose ao mesmo tempo altiva e serena. A maneira como a bela africana é representada procede de uma construção revolucionária, tanto do ponto de vista artístico quanto histórico. A obra mudou de nome algumas vezes, acompanhando mudanças de perspectiva da própria história da arte, até que Madeleine, a modelo, aparece como protagonista de uma historiografia renovada pelas questões da África diaspórica na época do tráfico atlântico. Esta é a história que Anne Lafont quer contar em Uma africana no Louvre.

O livro traz uma entrevista com a autora feita pela curadora Amanda Carneiro.

Tradução Ligia Fonseca Ferreira

Sobre a autora
Anne Lafont

Anne Lafont é historiadora de arte francesa, pesquisadora e professora na École des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris. Trabalhou como diretora dos programas de pesquisa de historiografia da arte no Institute National d’histoire de l’art e como editora da revista Perspective. Integrou o comitê curatorial da exposição Le modèle noir – de Gericault à Matisse, no Musée d’Orsay, em 2019, e é autora do livro L’art et la race: L’Africain contre l’oeil des Lumières (2019), vencedor dos prêmios Fetkann Maryse Condé e Vitale e Arnold Blokh.