LIVRO DE SETEMBRO

O papel de parede amarelo

e outras histórias

Charlotte Perkins Gilman

O papel de parede amarelo

e outras histórias

Charlotte Perkins Gilman

Os textos reunidos nesta edição formam um importante conjunto da produção ficcional da escritora norte-americana Charlotte Perkins Gilman (1860-1935), considerada uma pioneira do feminismo. Nos sete contos selecionados e traduzidos por Heloisa Seixas estão em cena os temas que mobilizaram a autora durante toda a vida: a condição social das mulheres, a opressão imposta a elas e a necessidade de emancipação.

Charlotte trata dessas questões ora de forma sarcástica, caso do conto “Se eu fosse um homem”, ora como um drama, a exemplo de “Reviravolta” e “Uma mulher honesta”; por vezes também em tom severamente crítico, como vemos em “O coração do sr. Peebles”, ou com forte teor psicológico e assombroso, como faz em “O papel de parede amarelo”, seu conto mais conhecido, em que acompanha o processo de adoecimento mental de uma mulher que acaba de parir e, por imposição de seu marido, é mantida isolada em um velho quarto.

O volume apresenta ainda extratos de sua novela mais famosa, Herland, a Terra das Mulheres (de 1915), em que imagina um país sem homens, utopia feminista que serve para defender as suas ideias sobre maternidade e educação de crianças, e imaginar uma sociedade livre da dominação masculina.

Sobre a autora

Feminista de primeira hora. É como podemos definir a escritora americana Charlotte Perkins Gilman que, com seu espírito revolucionário, dedicou-se à emancipação da mulher em uma época na qual essa questão era pouco levada em conta. E fez isso de várias maneiras. Escrevendo ensaios sociológicos sobre o assunto, criando histórias de ficção que procuram, principalmente, enfatizar a opressão da mulher – e, acima de tudo, vivendo da maneira livre que queria. 

Foi escritora, poeta e socióloga.  Nasceu na cidade de Hartford, Estados Unidos, em 1860. Envolveu-se na luta dos movimentos sociais e pelos direitos das mulheres e escreveu importantes obras e manifestos sobre a condição das mulheres. No campo da ficção, publicou diversos contos, grande parte na imprensa norte-americana, sendo o mais conhecido deles “O papel de parede amarelo”, de 1892. Lançou ainda volumes de poesia e romances. Em 1935, na fase terminal de um câncer e sem poder mais trabalhar, suicidou-se. Sua obra é um importante legado de inspiração, encantamento e reflexão que atravessa o tempo.

Heloisa Seixas, tradutora da obra, comenta:

“Charlotte Perkins Gilman teve livros traduzidos para dezenas de línguas e é reconhecida como uma pensadora feminista, tendo lutado por causas socialistas, apoiado movimentos trabalhistas e batalhado pelo direito das mulheres ao voto. Ela não se considerava como uma escritora de ficção, mas como uma socióloga, antropóloga e filósofa. Escreveu muitas obras marcantes, principalmente ensaios, e sempre sobre a condição da mulher.

Charlotte escreveu alguns volumes de poesia, além de novelas e contos, em geral como colaboração para revistas. Mas é justamente sua ficção – menos conhecida – o foco deste livro que apresentamos.

Também em seus contos, Charlotte Perkins Gilman expõe sempre uma defesa apaixonada de suas ideias. Considerando-se que esses textos curtos eram publicados na imprensa – e, portanto, para um público amplo –, há propostas e soluções corajosas ali. Tais escritos são mais propriamente parábolas, mas tendo sempre algo de revolucionário, na medida em que propõem soluções inventivas para o dia a dia.”