Livro do Mês

A greve dos mendigos

Aminata Sow Fall

Uma sátira sobre as políticas higienistas e o poder subversivo dos excluídos.

Mour Ndiaye, diretor da Saúde Pública em Dakar, sonha com uma carreira política brilhante. Para conquistar prestígio e se aproximar do poder, decide “higienizar” a cidade, afastando de vista a população de rua, considerada uma mancha na imagem de modernidade que deseja exibir. Diante das medidas de exclusão e bem organizados, os mendigos tomam uma decisão inesperada: declaram uma greve.

Essa ausência coletiva logo provoca um efeito em cadeia: sem os pobres para testemunhar sua generosidade, a elite urbana perde a possibilidade de praticar a caridade pública, fundamental para a vida religiosa e para a manutenção de sua imagem e respeitabilidade social. Assim, figuras invisíveis passam a ocupar o centro da cena, revelando como a sobrevivência simbólica e política dos poderosos depende justamente daqueles que eles procuram apagar. 

Em A greve dos mendigos, Aminata Sow Fall, escritora pioneira em língua francesa na África, constrói uma narrativa incisiva, em que o sarcasmo e a ironia abrem espaço para refletir sobre dignidade, solidariedade e o lugar dos marginalizados na vida social.

Vencedor do Grande Prêmio Literário da África Negra — Le Grand Prix littéraire d’Afrique noire (1980).

Tradução: Mirella Botaro
 
Aminata Sow Fall abriu portas para todas nós. Ela provou que uma mulher africana pode escrever com força, rigor e liberdade, e ainda assim ser amplamente lida.
Ken Bugul, escritora senegalesa
 
Aminata Sow Fall é a maior romancista africana., Alain Mabanckou, escritor congolês, durante aula inaugural no Collège de France, 2016.

Sobre A autorA

Aminata Sow Fall (1941, Senegal) é uma das vozes mais importantes da literatura africana contemporânea e uma das primeiras mulheres da África francófona a alcançar destaque internacional no campo literário. Formada em Letras na França e no Senegal, ela trabalhou como professora, funcionária pública e promotora de políticas culturais. Em 1989 fundou o Centre Africain d’Animation et d’Échanges Culturels (CAEC), dedicado à promoção da leitura e da criação literária no Senegal, onde vive. A greve dos mendigos, seu romance mais conhecido, foi lançado originalmente em 1979, traduzido em mais de vinte idiomas, e é sua primeira obra lançada no Brasil.

 

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