Livro de fevereiro

Elos líricos

Marina Tsvetáieva

Elos líricos

Marina Tsvetáieva

A antologia Elos líricos reúne seis ciclos de poemas e duas séries de textos em prosa que cobrem um período de 22 dos 49 anos de vida da poeta russa Marina Tsvetáieva (1892-1941), tendo sido compostos entre 1914 e 1936. Trata-se de um recorte representativo de sua produção por acompanhar seu percurso poético expresso na relação que manteve com outros poetas, os quais constituem influências em sua obra, tais como Aleksandr Púchkin, Boris Pasternak, Vladímir Maiakóvski, Anna Akhmátova, Sofia Parnok e Rainer Maria Rilke. Se por meio desses poemas e ensaios entrevemos eventos da história russa e do itinerário pessoal de Tsvetáieva – suas experiências, amizades, afinidades poéticas e amores –, a leitura do conjunto oferece, por fim, uma intensa reflexão quanto ao ofício do poeta, a natureza da criação artística, o fazer poético próprio e também de outros.

Sobre a autora

Marina Tsvetáieva (1892-1941) Nascida em Moscou em 1892, é um dos principais nomes da poesia do século XX. Filha de uma pianista e de um professor universitário, começou muito jovem a escrever poesia e a publicar. Após o fim da Guerra Civil na Rússia, exilou-se para encontrar com o marido, o oficial Sergei Efron; primeiro em Praga, a partir de 1922, e depois em Paris, onde passaria quatorze anos, entre 1925 e 1939, quando retorna ao país natal. Tem início um doloroso período de penúria financeira em que quase não consegue trabalho para se sustentar. Com a Segunda Guerra Mundial, em 1941, é evacuada para a cidade de Elábuga, onde se suicida aos 48 anos de idade. Produziu uma vasta obra também nos campos do teatro, de ensaios e da tradução.

“Bela, o verão não te fará perder o viço!
Não és flor — és uma hastezinha de aço,
Dos males o pior, das afiadas a incisiva,
Foste raptada — de qual ilha?

Com um leque ou a bengala graceja —
Em cada ossículo em cada veia,
Na forma de cada dedo maligno, —
Ternura de mulher, atrevimento de menino.

Aparando os risos com versos,
A ti e ao mundo eu revelo
Tudo o que em ti nos devotem,
Ignota com fronte de Beethoven.”

A Sofia Parnok