LIVRO DE MARÇO

Um quarto só seu

e três ensaios sobre as grandes escritoras inglesas: Jane Austen, Charlotte & Emily Brontë e George Eliot

VIRGINIA WOOLF

LIVRO DE MARÇO

Um quarto só seu

e três ensaios sobre as grandes escritoras inglesas: Jane Austen, Charlotte & Emily Brontë e George Eliot

VIRGINIA WOOLF

Por que estrear com Virginia Woolf?

Virginia Woolf começou a treinar a sua escrita através dos ensaios e resenhas que escrevia, desde muito jovem, para jornais e revistas. O jornalismo literário foi o seu primeiro trabalho remunerado, a partir de 1905, quando passou a colaborar para o Times Literacy Supplement. Educada em casa e sem acesso à universidade, então vedada às mulheres, a inglesa tinha acesso à biblioteca do pai e lia muito desde menina, tendo criado com o irmão Thoby e a irmã Vanessa um jornalzinho para a família. 

As ideias de “Um quarto só seu” foram desenvolvidas ao longo desses anos em que também começou a escrever seus romances. Em 1929, quando o escreveu, já tinha publicado “A viagem”, “Noite e dia”, “O quarto de Jacob”, “Mrs.Dalloway”, “Ao farol” e “Orlando”. Era, portanto, uma autora consagrada. No primeiro livro de ficção, lançado em 1915, Virginia cria uma série de personagens femininas fortes e insere o debate sobre a educação feminina, o sufragismo, a falta de representatividade das mulheres no mundo intelectual e da escrita e cria imagens que depois aprofundaria em “Um quarto só seu”, como a dos homens que se enxergam bem maiores do que são apenas porque a sua lupa é a sociedade patriarcal.

Como escreveu sua sobrinha Angelica Garnett na introdução de “A Viagem”, a tia “estava testando suas asas” neste primeiro romance, no qual “uma apologia da igualdade das mulheres” surge através da personagem Rachel, “símbolo da nova geração que está na iminência de transformar a relação entre os sexos. A confirmar a teoria do primeiro voo de Virginia na escrita literária é a presença, no meio da história, da personagem que seria uma das mais marcantes de sua obra: Mrs. Dalloway. Com sua ironia, comentários satíricos sobre os outros personagens e a vida, Clarissa faz uma aparição relâmpago no meio da história, deixando um gostinho de quero mais que suas leitoras teriam apenas dez anos depois. 

Esse primeiro romance, tem, inclusive, uma curiosidade para leitores e leitores do Brasil: ele se passa na América do Sul, na “boca do Amazonas”, um lugar entre o Maranhão e a “boca do Amazonas”. 

“Um quarto só seu”, como diz a escritora Socorro Acioli no prefácio desta edição, é como uma carta de Virginia às leitoras e leitores contemporâneos. Pelo caminho que percorre até ele e na sua produção, o ensaio pode ser lido também como uma espécie de testamento da autora a todas as mulheres que têm o talento, a necessidade e o desejo de escrever as suas próprias histórias, autobiográficas, ficcionais ou ensaísticas. É um legado e um convite para que a sua obra seja lida, estudada e valorizada com a lupa feminista e funcione como um farol também que projete a ideia de que toda mulher, em qualquer lugar, pode fazer o que quiser.